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Os fluxos materiais


Este capítulo, em particular, após apresentar e discutir os principais tipos defluxos da globalização (materiais e imateriais), cujo meio geográfico é o técnico-científico-informacional, abordará o comércio internacio­nal de mercadorias como um dos principais fluxos materiais, enfatizando algumas cau­sas de seu incremento no atual período his­tórico.
Para dar início ao desenvolvimento das noções de rede e fluxo, relacionando-as, em geral, ao processo de globalização e, em par­ticular, ao sistema de transportes e ao co­mércio internacional de mercadorias, vamos usar dois exemplos significativos de fluxos materiais: uma leitura car­tográfica acrescida de um pequeno texto. O mapa tem por objetivo compre­ender como os fluxos de transportes influem diretamente nos processos de distribuição de mercadorias, característica marcante da globalização, e o texto reforçará os conceitos de redes e fluxos de transportes.
A modernização do sis­tema de transporte pode agilizar a distri­buição de mercadorias e contribuir para a diminuição dos custos finais de produção. A ampliação da capacidade de carga dos navios é responsável por facilitar o trans­porte e baratear custos: a modernização nas formas de armazenamento para transportes com o uso de contêineres evitam perdas e a ampliação da velocidade diminui o tempo de distribuição das mercadorias.
Os flu­xos materiais são aqueles representados por objetos que possuem materialidade e volume e, portanto, compõem uma imensa gama de sistemas de infraestrutura e de mercadorias. Já os fluxos imateriais são aqueles dissemi­nados pelos meios de comunicação e infor­mação, como a internet e a telefonia, e que influem em nossas vidas, alteram a nossa eco­nomia, mas que não são palpáveis e, portanto, não têm materialidade.
Na atualidade, há uma relação de interdependência entre os fluxos materiais e imateriais. Se, por um lado, toda a infraestrutura dos setores de comunicação e informação compõe-se de uma base material, que compreende saté­lites, fiações, cabos submarinos etc., por ou­tro, o que por elas é disponibilizado resulta em fluxos imateriais e que são utilizados pelas mesmas empresas responsáveis por fabricar todas essas tecnologias.
            A rede bancária funciona interconectada e há uma infindável gama de transações financeiras realizadas por essas instituições. As bolsas de valores do mundo inteiro operam em conexão e influem na economia dos mais diferentes países. Também todo o setor do e-commerce (comércio via internet) só existe em função de ser disponibilizadoon-line. Esses são exem­plos econômicos. Porém há uma variedade de transações que ocorrem por meio do fluxo imaterial que não podem ser consi­deradas econômicas, mas sim, culturais. Este é o caso dos contatos por email, das relações que se estabelecem no Orkut ou Facebook, das transações de músicas em mp3, de filmes no YouTube etc.

Leitura e interpretação de mapa temático e texto

Apresentado os conceitos dos flu­xos materiais e imateriais e o entendimento do funcionamento da rede de transportes, vamos analisar o mapa “Comércio mundial de mercadorias, 2004”, na página 12 do caderno do aluno, relacionando-o à intensificação dos fluxos vigentes no processo de globalização em curso. As mudanças tecnológicas importantes têm ocorrido de maneira cada vez mais acelerada nas últimas décadas.
A superfície dos círculos e a espessura das setas nele contidos retratam a maior participação de algumas regiões do mundo, em porcentagem, no comércio ou fluxo internacional de mercado­rias.
O meio geográfico é cada vez mais im­pregnado de técnica, ciência e informação, o que nos permite falar na formação de um meio técnico-científico-informacional neste período histórico da globalização, conforme os pressupostos defendidos pelo geógrafo Milton Santos. O meio técnico-científico-informacional constitui o meio geográfi­co característico do atual período histórico e, como o próprio nome indica, é composto desistemas de objetos (estradas, aeroportos, fábri­cas, redes de internet) altamente modernizados, que permitem uma grande fluidez ou mobilida­de aos produtos e aos fluxos de informação das grandes corporações transnacionais.
Para ilustrar, vamos ler o texto “O espaço geográfico como sistema técnico”, nas páginas 5 até 8 do caderno do aluno e analisar a tabela “Fluxos do meio técnico-científico-informacional”, na página 10.  O comércio ou fluxo internacional de mercadorias constitui ape­nas um tipo de fluxo material. O aumento da quantidade de dólares envolvida nas ex­portações, que podemos observar na tabela “Evolução das exportações de mercadorias – em bilhões de dólares”, na página 11 do caderno do aluno,  fornece uma idéia precisa do que significou para o comércio internacional o período da globalização.
Agora, observando a tabela “Exportação de mercadorias”, na mesma página, identificamos o aumento da exportação de mercadorias em quase todas as regiões do mundo entre 1993 e 2007. A participação de algumas mercadorias, em porcentagem, auxiliou no comércio e no fluxo internacional de mercadorias (Europa, Ásia e Oceania e América do Norte).
A comparação entre o que está representado no mapa e a tabela “Exportação de mercadorias” assinala o expressivo destaque dos países situados na média latitude (Europa, Ásia e Oceania, América do Norte), em con­traposição aos da baixa latitude (trópicos) e dos de alta latitude (subpolares). Há inúmeras ex­plicações para isso: a desigual distribuição dos recursos naturais, a história, a organização dos modos de produção etc.
Cabe à Geografia, pes­quisar e interpretar esse padrão de produção e distribuição de mercadorias ao nível mundial. Quais teriam sido as causas do aumento extraordinário de fluxos comerciais e por que apenas algumas regiões do planeta se destacam quando o assunto é comércio internacional?

O aumento na demanda em todos os países por todo tipo de produto

No perío­do técnico-científico-informacional em curso, ocorreu um expressivo aumento populacional - de 2,5 bilhões de habitantes, em 1950, o mundo passou a contar com 6,1 bilhões em 2000 e 6,8 bilhões em 2009. Em parte, o acréscimo de mais de 4 bilhões de pessoas no mundo, durante esses 59 anos, ex­plica o aumento do comércio internacional. Contudo, é importante salientar que, além do crescimento da população mundial, hou­ve também, em algumas regiões do mundo, uma melhoria da qualidade de vida, princi­palmente nos países do centro da economia capitalista: Estados Unidos, alguns países da Europa Ocidental e Japão, além de um in­cremento do consumo em todos os níveis. A expansão do meio técnico-científico-informacional permitiu que essas regiões se industrializassem ainda mais e diversificassem a sua produção, propiciando o assalariamento da maioria da população e, em consequência, a sua entrada no consumo de massa. Além das diferentes características na­turais (presença ou não de petróleo, minerais etc.) e diferentes tipos de sistemas produtivos, visto que algumas regiões são essencialmente agrícolas, outras mais industriais e outras es­pecializadas no setor de serviços, há uma tendência para que se ampliem as trocas comerciais entre essas regiões, pela diminuição dos custos dos transportes.
Em princípio, a complementaridade entre as regiões (cada uma exporta aqui­lo que produz em excesso e importa o que não produz ou o que não produz o sufi­ciente) cria uma interdependência entre elas, típica da atual fase da globalização. Essa interdependência não é neutra, isto é, como, no mundo capita­lista, as trocas comerciais acabam sempre favorecendo um conjunto de certas regiões em detrimento (prejuízo) de outras. Desse modo, tais desigualdades são resultantes da divisão internacional do trabalho, porque certas regiões, com sistema produtivo mais mo­derno, conseguem exportar produtos com maior valor agregado, forçando as regiões menos modernizadas (principalmente os países em desenvolvimento) a produzir apenas alguns tipos de mercadorias, em especial aqueles de origem agrícola ou mi­neral. Ao produzirem somente bens do setor primário (carvão, petróleo, minerais e produtos agrícolas), cujos preços no mer­cado internacional, no geral, têm declina­do, essas regiões são forçadas a aumentar a produção e a venda desses produtos para poder adquirir mercadorias mais moder­nas, como aviões, computadores e apare­lhos eletrônicos.
Valor agregado corresponde à quantidade de traba­lho realizado na fabricação de um produto. Quanto mais tecnologia e conhecimento aplicado forem necessários para produzir a mercadoria, maior será seu valor agregado.

A melhoria e a queda dos custos dos sistemas de transporte

Apesar dos avanços das tecnologias da aviação e dos transportes ter­restres, grande parte das trocas comerciais internacionais, em termos de valores (dóla­res) negociados, é realizada até hoje por via marítima. Aliás, hoje, cada um dos grandes navios transatlânticos consegue transpor­tar muitas toneladas a mais do que conse­guia transportar num navio "moderno" no início do século XX. Uma segunda melhora importante nos sistemas de transporte diz respeito à forma de acondicionamento das mercadorias. A técnica de transporte em contêineres permite colocar e trans­portar as mercadorias em caixas metálicas, resultando em vários benefí­cios, como impedir que não haja rupturas no processo de transporte, facilita e agiliza o embarque, o desembarque e o transbordo dos produtos e diminui as possibilidades de acidentes e de perda das mercadorias desde as fábricas onde são produzidas até os estabelecimentos comerciais onde serão vendidas. Além disso, a maior integração entre os diferentes tipos de transporte per­mitiu criar sistemas modais, por meio dos quais ocorreram barateamento e agilida­de em todos os processos, desde a coleta até a distribuição e o armazenamento das mercadorias. A informatização do setor de transportes foi responsável por sua modernização e a logística de abastecimento, aliada às ven­das on-line, ampliou a capacidade de entre­ga e distribuição das mercadorias.

Liberalização das regras comerciais que re­gulam as trocas

A difusão do meio técnico-científico-informacional permitiu às grandes empresas transnacionais amplia­rem de forma significativa o seu poder na globalização, com reflexos também nas trocas mundiais comerciais. Por exemplo, em 1947 foi assinado o Acor­do Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Co­mércio (em inglês, General Agreement on Tariffs and Trade - Gatt), que tinha como principal proponente os Estados Unidos, e visava à gradual diminuição das tarifas aduaneiras comerciais das nações. A expressão "tarifas aduaneiras" refere-se à carga de impostos pagos pelo país expor­tador para que suas mercadorias possam ser comercializadas no país receptor, uma das princi­pais formas de que dispõe uma nação para proteger o seu sistema produtivo. Os países detentores de um meio técnico-científico-informacional mais desenvolvido, como, por exemplo, Estados Unidos, Alemanha e Japão, sedes de gran­des corporações transnacionais, conseguem produzir mercadorias em maior quantidade e por preços menores. Esses países aliam-se na defesa pela diminuição das tarifas alfan­degárias, com vistas a ampliar seus merca­dos em países em desenvolvimento. Desse modo, seus produtos invadem essas nações, dificultando, muitas vezes, a situação de indústrias locais, que, não tendo a mesma facilidade de acesso à tecnologia, não con­seguem fazer frente aos preços praticados pelas empresas transnacionais.

Fluxos de ideias e informação

Nesse capítulo, vamos abordar os fluxos imateriais, conteúdos e temas relativos aos fluxos de informação, responsáveis por uma nova qualidade de comunicação entre os povos, com grandes impactos culturais no mundo. Os fluxos financeiros, que junta­mente com os primeiros, constituem os dois grandes motores da globalização atual, oca­sionando rápidas e intensas transformações em boa parte das regiões e sociedades do mundo.
Em 15 de abril de 2008, a imagem “Representação gráfica dos detritos espaciais em volta da Terra”, na página 16 do caderno do aluno, foi uma das que foram divulgadas pela Agência Espacial Européia (ESA, na sigla em inglês), retratando o lixo espacial na órbita da Terra. De acordo com a agência, desde o primeiro lançamento (1957) até janeiro de 2008, cerca de 6 mil satélites fo­ram enviados para a órbita terrestre. Na data de divulgação das imagens, a estimativa era de que apenas 800 deles estariam ativos, dos quais 45% localizados a uma distância de até 32 mil quilômetros da superfície terrestre.
Ex­plorando as nuances ambientais e tomando-a como mote para refletir sobre a amplitude do atual meio técnico-científico-informacional, pergunto: O que vocês entendem pela expressão "sociedade da informação" e quais impactos conhecem das tecnologias de comunicação na cultura e na economia mundiais?
A acele­ração contemporânea altera a natureza do espaço geográfico, imprimindo um novo ritmo às ações humanas. Certas ino­vações técnicas contribuíram para a mudança na rela­ção espaço-tempo no atual período técnico-científico-informacional.
            Vamos ler o texto “Os fluxos de informação”, na página 17 do caderno do aluno.
            Apesar de ainda não haver homogeneidade na distribuição desses bens (telefone, radar, fotografia, rádio, bomba atômica, transistor, circuito integrado) citados no texto, eles influenciam em demasia nossa vida cotidiana, e boa parte dessas novas criações acabou revolucionando um dos setores mais importantes da atividade humana: as comunicações.
            A aceleração contemporânea é entendida como o momento em que eclodem forças concentradas da sociedade em sua relação com a natureza, e justamente o resultado da proliferação de invenções técnicas em vários setores da atividade humana é que aumenta os ritmos e os fluxos do espaço geográfico.
            Os satélites são uma das mais signi­ficativas novidades técnicas de transporte de informações. Ope­rados por meio de estações transmissoras e receptoras de sinais instaladas em terra, os sa­télites contribuíram para quatro importantes mudanças:
1.  A distância está deixando de ser uma bar­reira para a difusão das informações, pois, agora digitalizadas, podem ser transferidas para regiões que possuam os equipamen­tos necessários (antenas receptoras), onde esses fluxos são absorvidos;
2.  Cada vez mais, a fala, as imagens e os tex­tos são transmitidos de maneira semelhan­te, por meio de impulsos eletromagnéticos;
3.  Desenvolveu-se a chamada "sociedade da informação": cada vez mais as pessoas pre­cisam de informações para o seu trabalho (dados sobre a economia, outras culturas, suas atividades profissionais) e também para o seu lazer (produção de filmes, televisão a cabo). "Informação" é diferente de "comunicação" e não podem ser tratadas como sinônimos. A comuni­cação se faz com informações, mas nem todas as relações comandadas pela infor­mação realizam plenamente a comunica­ção. A diferença é sutil, mas importantís­sima. O telefone é quase sempre um meio de comunicação: nele os participantes têm papel comum. Ambos podem falar e ouvir. Por sua vez, a televisão é um meio de informação que não realiza a comuni­cação por inteiro. Não há posição comum entre o emissor e o telespectador. O emis­sor fala, enquanto o receptor assiste e ouve. Para a Geografia, é de grande valor a separação entre meios de comunicação e meios de informação;
4. Também está havendo a associação entre as tecnologias de computação e de comu­nicação, por intermédio das mensagens por bits eletrônicos. Bit é uma unidade de medida da informação, assim como o grama para o peso e os centímetros para a distân­cia; é a conjunção de partes das pala­vras binary digit - dígito binário -, em inglês, linguagem que permite a trans­missão e a decodificação de mensagens pelos computadores). O exemplo mais importante da atualidade é a internet.

Os fluxos de informações e as redes sociais

Leia o texto “Internet e inclusão social”, na página 20 do caderno do aluno. Ele foca as novas possibilidades de comunica­ção e as diferentes formas de acesso na so­ciedade da informação.

Estudo de caso: as redes televisivas mundiais

Para aprofundar o conteúdo relativo aos fluxos imateriais, vamos recorrer a certos temas familiares: o das redes tele­visivas mundiais, consideradas como fontes de fluxos de informação que carreiam (levam) impactos cul­turais expressivos, inclusive na nossa vida.
Durante o século XX, as trocas internacionais de filmes e bens culturais - como cinema, fo­tografia, rádio e televisão, material impresso, literatura, música, artes visuais etc. - foram im­portantes para o desenvolvimento da indústria do entretenimento. Entretanto, atualmente a intensificação das trocas comer­ciais entre países, somada à exacerbação do consumo (características indissociáveis – inseparável – da glo­balização), alçou o comércio mundial de bens culturais a uma posição jamais vista. Apenas para se ter idéia, segundo dados do Relatório do desenvolvimento humano 2004, do PNUD, em 1980 esse mercado movimentou cerca de 95 bilhões de dólares em todo o mundo, passan­do, em 1998, para mais de 380 bilhões, tendo apre­sentado, assim, um aumento de quatro vezes.
A globalização e a revolução nos meios de transporte e de co­municação impulsionaram o aumento do po­der das empresas, particularmente das grandes corporações transnacionais. No setor de produção de informações e de comu­nicação, o processo não foi diferente: assim como existem grandes empresas que fabri­cam e vendem carros, roupas e computadores, atualmente também há empresas especializa­das em produzir e vender artigos relacionados ao mundo da informação e da cultura de mas­sa.
Desde a década de 1980, as novas tecnologias das comunicações por saté­lite possibilitaram a intensificação do proces­so de difusão cultural e de informações. Entre os efeitos importantes dessa inovação tecno­lógica, destaca-se a formação de poderosas redes mundiais de televisão, que atualmente dispõem de alcance global. Ao lado disso, o número de aparelhos de televisão por mil ha­bitantes mais que duplicou em todo o mundo: em 1980, essa relação era de 113‰ (por mil); em 1995, 229‰; e, desde então, aumentou para mais de 243‰.
Veja o poder das grandes empresas de telecomunicação: foi por meio de grandes emissoras norte-americanas que boa parte do mundo foi informada sobre acon­tecimentos trágicos e guerras recentes que colocaram os Estados Unidos em evidência: as guerras contra o Iraque (1991 e 2003) e os bombardeios no Afeganistão (2001), os atentados ao World Trade Center e ao Pentá­gono (11 de setembro de 2001) e muitos ou­tros eventos. De que maneira e intensidade a formação de nossas opiniões sobre esses atos de violência pas­sados e outros da atualidade esteve ou está baseada nas imagens, nos textos e nos comen­tários que os jornalistas nos transmitiram?
Em nosso país, como em muitos outros, poucas notícias sobre os conflitos e acontecimentos citados foram veiculadas segundo a versão dada por emissoras de outras nacionalidades e proce­dência geográfica, como as européias ou ára­bes, que contam com elevada audiência no Oriente Médio e entre os imigrantes árabes que vivem na Europa.
As emissoras árabes transmitem com frequência uma interpretação diferente dos canais televisivos ocidentais sobre fatos im­portantes da realidade mundial. No contexto televisivo do mundo árabe, em que os canais de televisão se caracterizam pelo conformis­mo diante dos fatos e pela reverência aos po­deres políticos constituídos, existem emissoras que, contrariamente, não aceitam se submeter a um controle direto ou indireto dos poderes políticos que impõem uma forte censura em face das demais.
Por um lado, ser informado sobre o que está ocorrendo em outras partes do mundo é fundamental para que nosso próprio conhecimento ou cultura sejam ampliados (ou mesmo modificados), no tocante ao mundo em que vivemos e aos nossos próprios espaços de vivência. Em contrapartida, frequentemente, a informa­ção que nos chega já está manipulada por redes de comunicação, cujo governo (no caso, dos Estados Unidos) foi protagonista direto das guerras anteriormente citadas. É necessário rever hábitos e atitudes quanto às fontes de aqui­sição de informações, como também refletir sobre a qualidade do que lemos, escutamos e assistimos.

Rede global e economia especulativa

A expressão "es­pecular" significa fazer operações financeiras ou comerciais com bens negociáveis, a fim de tirar proveito da variação de preços. Com a globalização, ocorreu um aumento da atividade especulativa sobre as moedas.
internacionalização das fi­nanças e o aprofundamento da economia especulativa se tornaram possíveis, em grande parte, graças a dois conjuntos de fatores:
a) a liberalização e a desregulamentação das economias nacionais, estimuladas pelo neoliberalismo;
b) o avanço nos últimos 20 anos da tecnologia eletrônica, que permite a movimentação instantânea de dinheiro entre as bolsas de valores de todo mundo por intermédio das redes de computadores integradas em escala global.
As bolsas de valores são instituições nas quais se negociam ações e títulos, ou seja, documentos que certificam a propriedade de um bem ou valor. Atualmente, são poucas as regiões do mundo que não são influenciadas de algum modo pelas operações do sis­tema financeiro globalizado, ou pelo excesso de capital financeiro acumulado, ou pela total falta dele, ou, por vezes, pela "fuga" desse capital.
Os países em desenvolvimento são os que acabam sofrendo mais com essa mobilidade financeira no mundo. Países como Brasil, Argentina e México tomam uma série de medidas para que os capitais fi­nanceiros permaneçam depositados em seus bancos (ou que sejam investidos nas bolsas de valores), com a finalidade de aumentar a quantidade de dinheiro disponível ao desen­volvimento de seus territórios.
Esses fluxos financeiros são especula­tivos, isto é, mudam de um lugar para ou­tro no mundo de acordo com as vantagens oferecidas pela praça financeira. Em outras palavras, é importante salientar que esses investimentos não são produtivos, ou seja, eles não são direcionados para a abertura de indústrias, o comércio, o setor de prestações de serviços ou para as atividades agropecuárias, enfim, para atividades que geram empregos e riquezas. São investimentos que beneficiam apenas aqueles que possuem o grande capital e prejudicam a maioria da população, pois esses ataques especulativos deixam as economias nacionais desequili­bradas, levam a falências e ao desemprego e encarecem os produtos, complicando ainda mais a vida da população de baixa e média rendas.

As cidades globais

Com base nas noções de rede e fluxos e  na classificação da nova hierarquia da rede de cidades globais no Brasil e no mundo, vamos focar a cida­de de São Paulo e sua participação como ci­dade global na classificação da Globalization and World Cities Research Network (GaWC), da Universidade de Loughborough, do Reino Unido, e a origem dessas cidades diante das mudanças profundas na composição e dis­tribuição dos espaços produtivos ocorridas no período técnico-científico-informacional.
Em 2005, por exemplo, o Pro­duto Interno Bruto (PIB) da capital paulista foi de 102,4 bilhões de dólares (IBGE), com um orçamento anual de 15 bilhões de reais e arrecadação de mais de 90 bilhões de reais. Esses dados permitem algumas comparações interessantes. Por exemplo, de acordo com pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo, a capital paulista gera mais riqueza do que 22 estados norte-americanos (como, apenas para ilustrar, o Havaí e New Hampshire). Quan­do comparada a outros Estados brasileiros, a participação da cidade de São Paulo no PIB nacional em 2005 foi de 12,3% (37% superior à contribuição de todo o Estado de Minas Gerais), ficando atrás apenas do estado paulis­ta. Caso a imaginássemos como um país na América Latina, a cidade de São Paulo seria a quinta maior economia (empatada com o Chile e cinco vezes superior ao Uruguai) e, em âmbito mundial, ocuparia a posição de 47a maior economia, à frente de países como o Egito e o Kuwait. A cidade de São Paulo está posicionada na 14a colocação do ranking de cidades globais criado pela Globalization and World Cities Research Network (GaWC), da Universidade de Loughborough, do Reino Unido.
O tema das cidades globais foi trabalhado na 8ª. série, no 4º. bimestre. É interessante rever o conteúdo.
Em uma grande cidade, tanto na escala local como na global, seus habitantes se conectam com redes sociais de diversas escalas geográficas.
As classifi­cações das cidades globais levam em conta os aportes ideológicos e devem ser compreendidas como uma forma de enxergar o mundo, e portanto, vistas de acordo com os interesses de quem as propôs e considerando a escala que se quer alcançar.
São quatro as principais atividades sobre as quais cada cidade global mos­tra sua força: os bancos e as bolsas de valores; as empresas de publicidade/marketing; as firmas de consultoria e seguros e; os centros de pesqui­sa. De acordo com a classificação dos geógra­fos da Globalization and World Cities Research Network (GaWC), podemos atribuir, para cada uma dessas atividades, uma nota de 1 a 3, depen­dendo da importância de cada setor de atividade para o contexto do sistema capitalista mundial:
Será atribuída nota 3 às cidades globais em que o setor bancário tiver alcance mundial;
- Será creditada nota 2 às cidades em que algum desses serviços não tiver grande al­cance mundial e for restrito a apenas algu­mas áreas do globo;
- Será estabelecida nota 1 às cidades em que os setores de serviços tenham alcance ape­nas regional.
Caso uma cidade global possua todos os quatro tipos de setores citados acima muito desenvolvidos, somará a nota má­xima de 12 pontos. Ao contrário, às grandes cidades que possuírem apenas empresas dos quatro setores com alcance regional ou local será atribuída a nota 1 para cada uma delas, e chegaremos à nota 4, estando, portanto, na base da pirâmide das cidades globais. Todas as ou­tras cidades que não possuem empresas desses setores em seu meio urbano, ou que têm apenas um ou outro dos setores desenvolvidos, não po­derão ser consideradas cidades globais, estando "fora" da rede de fluxos que hoje comanda as atividades produtivas no mundo todo.
As cidades globais po­dem ser divididas em três grupos principais, de acordo com as notas recebidas: Alpha, Beta e Gama. Veja a tabela completa na página 27 do caderno do aluno.
Para entender o funcionamento atual da nova rede mundial de cidades globais e a hie­rarquia dessas cidades, vejam a tabela “Classificação das cidades globais” abaixo e o mapa “Mundo: cidades globais”, na página 28 do caderno do aluno. 


No primeiro grupo (as cidades do tipo Alpha), não existe nenhuma delas situada nos países antes chamados de "Terceiro Mundo". Todas elas (com excecão de Cingapura e Hong Kong) es­tão nos países da chamada tríade do capita­lismo mundial (Estados Unidos, alguns países da Europa e Japão). O que isso significa? Entre outros aspectos, significa que, se porventura um país do "Terceiro Mundo" precisar de algum serviço, cuja prestação somente é realizada em uma dessas cidades globais (como uma consul­toria em finanças ou um empréstimo do Fundo Monetário Internacional, Banco Interamericano de Desenvolvimento etc.), será necessário pagar grandes quantias em dinheiro, drenando para o centro do sistema capitalista uma quanti­dade maior de recursos, o que aumentará ainda mais o fosso (espaço, vala) entre os países.
Roterdã, na Holanda, é uma cidade onde está localizado o maior e mais bem equipado porto marítimo do mundo. Serve de entrada para boa parte do petróleo consumido por todos os países europeus (além de um conjunto muito diversifi­cado de tipos de commodities). Por que, então, Roterdã não consta na lista de cidades globais? Justamente pelo fato de comandar um tipo de fluxo ligado ao capitalismo comercial "tradi­cional", e não à nova economia de serviços do capitalismo globalizado atual. Os fluxos materiais (assim como a produção e a comercialização de mercadorias industriais) perderam sua importância relativa, atualmente, para os fluxos imateriais, das finan­ças, das informações etc.
Commodities são produtos com origem no setor primário (agricultura ou minerais), que são comercializados nas bolsas de valores do mundo todo. Exemplos: café, trigo, minério de ferro, petróleo etc.
Uma "cidade global" não leva em conta o número de habitantes, mas sim a sua capacidade de influenciar os acontecimentos mundiais, agregando serviços e concentrando grandes fluxos de transporte e comunicações. Diferente de umamegacidade, que valoriza o aspecto quantitativo, não importando em que tipo de país ou região a cidade se lo­caliza, referindo-se às maiores cidades do mundo, considerando-se o patamar mínimo de 10 milhões de habitantes.
A cada período histórico, algumas regiões do mundo acabam por concentrar equipamentos importantes para o domínio de outras regiões e, conseqüentemente, de outros povos. Foi assim que Portugal, tendo desenvolvido as me­lhores técnicas de navegação, ainda no final do século XV, fez de Lisboa a principal cidade no período das Grandes Navegações. Londres, no século XIX, pode ser considerada outro exem­plo de cidade que passou a "capitanear" ou li­derar o desenvolvimento do mundo a seu favor. Graças às poderosas indústrias, às suas muitas ferrovias e a uma poderosa marinha mercante, a Inglaterra, e, por conseqüência, Londres, pro­curou colocar boa parte das matérias-primas do planeta a serviço de suas indústrias. A cada período, portanto, muda o centro do contro­le das regiões do planeta ou, melhor dizendo, altera-se a estrutura geopolítica do mundo.

A defesa de pontos sensíveis do meio ambiente: os tratados sobre o clima e a biodiversidade

Se há polêmica sobre as causas do aque­cimento da atmosfera, o mesmo não ocorre quanto à perda da biodiversidade. A remoção das formações vegetais já avançou muito ao longo da história humana, atingindo escala planetária. Praticamente, não há formação vegetal que não tenha sofrido intervenção hu­mana, e é incalculável o número de diferentes espécies animais e vegetais que desapareceram da Terra em decorrência da ação humana. A biodiversidade foi drasticamente reduzida pelo ser humano.
Vamos discutir:
- os esforços para rever e conter a ação humana predatória, como os tratados internacionais em que os signatários (membros que assinaram) se com­prometem a reduzir as emissões de CO2 e conter a destruição da biodiversidade e;
- a conscientização sobre as ações humanas, em especial as que envolvem desperdícios de recursos naturais e agravos contínuos ao meio ambiente.
Vocês já leram ou viram na mídia algo sobre o desmatamento na Amazônia ou na Mata Atlântica? Acreditam que as informações sobre o que ocorre na Amazônia e na Mata Atlântica são também divulgadas em outros países? Por que essas notícias ultrapassam as fronteiras nacionais? Quando os países estrangeiros, os organis­mos internacionais e a imprensa mundial se posicionam a respeito das questões que en­volvem a Amazônia e a Mata Atlântica, eles abordam o tema considerando que se trata de assunto interno do Brasil?
As questões ambientais não são tratadas nem respeitadas como assuntos exclusivamente in­ternos. Podemos confirmar essa recepção, citando, por exemplo, os protestos internacionais sobre o desmatamento na Amazônia, que o governo brasileiro não estaria conseguindo controlar. Isso ocorre porque, embora se trate de realidades brasileiras, as reclamações dos demais países têm origem em outra escala: a escala global.
Vocês acham certo essa atitude dos outros países? Percebem alguma lógica nisso? Notam motivos que justi­fiquem essa atitude? Como o governo brasileiro reage a esses protestos? Costuma responder que o problema é nosso e que ninguém de fora deve se envolver? Ou procura se explicar perante a opinião pública internacional? A reação governamental de se explicar perante a opinião pública internacional é uma evidência de que o assunto não pode mais ficar restrito à escala nacional?
Essa mesma situação ocorre também com outros países.
A questão ambiental vem se transformando em proble­ma de escala mundial, pois os impactos pro­vocados pelas sociedades humanas sobre a biosfera (litosfera + hidrosfera + atmosfera + formas de vida) estão atingindo essa escala e afetando a todos. Por exemplo: se há aque­cimento global provocado pelo ser humano e alguns países emitem mais CO2 que outros, as conseqüências das grandes emissões de gases poluentes atingem todos os países, inclusive aqueles que emitem menos CO2 É por essa razão que se protesta mundialmen­te contra os Estados Unidos, que é um dos maiores emissores de CO2.
Para tentar solu­cionar os grandes problemas ambientais, têm ocorrido iniciativas conjuntas que, em geral, envolvem muitos países. Nos últi­mos 30 anos, essas iniciativas, promovidas, por exemplo, pela Organização das Nações Unidas (ONU), resultaram em um conjunto de tratados internacionais, ou seja, compro­missos que os países estabelecem para pôr em prática uma nova relação com o meio ambiente. Dessa forma, as questões am­bientais viraram problemas de todos. Por isso, o desmatamento da Amazônia, que não consegue ser controlado pelo governo brasileiro, fere não só o meio ambiente, mas também os tratados assinados e assu­midos pelo Brasil, inclusive como lei que deveria ser cumprida internamente.

A defesa da diversidade da vida: a Convenção sobre Biodiversidade
O desmatamento injustificável da Ama­zônia, da Mata Atlântica ou de qualquer bioma no Brasil rompe com o parâmetro do desenvolvimento sustentável. Além disso, contraria o tratado internacional assinado pelo Brasil em 1992 - e que, posteriormente, foi transformado em lei brasileira: a Con­venção da diversidade biológica.
fragmento de texto “Convenção sobre biodiversidade”, nas páginas 30 e 31 do caderno do aluno, introduz a questão dos tratados internacio­nais que visam proteger e recuperar situações graves de desequilíbrio na biosfera. A dimensão institucional é expressa, no texto, por instituições, países e eventos organiza­dos para enfrentar formalmente os proble­mas ambientais, como a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Rio-92 ou Eco-92, a Conferência da Cúpula da Terra, a própria Convenção sobre Diversidade Biológica e o Congresso Nacional Brasileiro. Na dimensão informativa e científica, a Con­venção sobre Diversidade Biológica apre­senta, no Artigo 2, o significado de termos técnico-científicos relativos à temática, alguns deles já citados no Artigo 1.
As principais conferências promovidas pela ONU sobre o clima e o meio ambiente foram a Conferên­cia de Estocolmo (1972), a Rio-92 e a Confe­rência de Johanesburgo (2002). Foi na Conferência de Esto­colmo, na Suécia, que se decidiu pela criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Am­biente (PNUMA); na Rio-92, aidéia era discu­tir se seria possível conciliar desenvolvimento e questão ambiental, e daí construir uma visão de desenvolvimento sustentável; em Johanesburgo, o objetivo foi realizar um balanço dos dez anos de implementação das decisões da Rio-92.

Os tratados que visam intervir nas mudanças climáticas
Para refletir sobre os tratados e as políticas em defesa da biodiversidade, vamos ler trechos da Convenção sobre a Mu­dança do Clima, aprovada e assinada na Rio-92, aConferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), nas páginas 32 e 33 do caderno do aluno.
Sobre a questão da possível ocorrência de mudanças climáticas, houve um desdo­bramento importante em relação ao que foi aprovado na Rio-92, em termos de tratado internacional. Para explorar essa informa­ção, vamos ler o texto “Protocolo de Quioto”, na página 33 do caderno do aluno. Na dimensão institucional, o Protocolo de Quioto (1997) decorre de eventos anteriores, como a Conferência de Toronto sobre as Mudanças na Atmosfera, no Canadá em outubro de 1988, seguida depois pelo Primeiro Relatório de Avaliação do IPCC (AR-1), em Sundsvall, Suécia, em agosto de 1990 e pelaConvenção-Quadro das Nações Uni­das sobre a Mudança do Clima, na Rio-92. Na dimensão informativa e científica, a formação de um glossário constrói critérios e estabelece precisões e conexões:
- Emissão: liberação, na atmosfera, de gases de efeito estufa e/ou seus precursores, em área e período determinados;
- Gases de efeito estufa: constituintes gasosos da atmosfera, naturais ou hu­manos, que absorvem parte da radiação, reemitindo-a, provocando o efeito estufa. O principal representante é o CO2;
- Matriz energética: conjunto de fontes de energia empregado na economia de um país. Pode-se tam­bém pensar em termos globais, nesse caso a principal fonte da matriz energética mundial é a fóssil (petróleo, gás e carvão);
- Mudança do clima: pode ser direta ou indiretamente atribuída à atividade humana e que altere significativamente a composição da atmosfera mundial, somando-se àquela provocada pela variabilidade climática natural, observada ao longo de períodos comparáveis.
           
Glossário:
Área protegida: significa uma área definida geograficamente que é destinada, ou regulamentada, e administrada para alcançar objetivos específicos de conservação;
Biotecnologia: significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica;
Conservação ex situ: significa a conservação de componentes da diversidade biológica fora de seus habitats naturais.
Conservação in situ: significa a conservação de ecossistemas e habitais naturais, a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais e, no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades caracte­rísticas;
Diversidade biológica: significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens e os com­plexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.
Ecossistema: significa um complexo dinâmico de comunidades vegetais, animais e de micro-organismos e o seu meio inorgânico que interagem como uma unidade funcional;
Material genético: significa todo material de origem vegetal, animal, microbiana ou outra que conte­nha unidades funcionais de hereditariedade;
Recursos biológicos: compreende recursos genéticos, organismos ou partes destes, populações, ou qualquer outro componente biótico de ecossistemas, de real ou potencial utilidade ou valor para a humanidade;
Recursos genéticos: significa material genético de valor real ou potencial;
Utilização sustentável: significa a utilização de componentes da diversidade biológica de modo e em ritmo tais que não levem, no longo prazo, à diminuição da diversidade biológica, mantendo assim seu potencial para atender as necessidades e aspirações das gerações presentes e futuras.